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Sala de Espelhos - Nietzsche e o Perspectivismo
GIACOIA JR.; PASCHOAL; OLIVEIRA
KOTTER EDITORIAL
69,70
Sob encomenda 8 dias
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***Esta Sala de espelhos é a expressão do esforço dos seus autores para se aproximarem de um dos temas mais relevantes e densos da filosofia nietzschiana, o perpectivismo. Tal aproximação é dupla: trata-se tanto de analisar o perspectivismo na filosofia nietzschiana quanto de colocar o próprio Nietzsche (seus temas e os problemas emergentes de seu pensamento) em perspectiva. A metáfora do título, assim, traduz o resultado de uma investigação coletiva: modos diferentes de ver e de mostrar, nos quais se confundem imagens próprias e outras, constituídas nos reflexos dialogais, nas intersecções dos textos e, sobretudo, das trajetórias teóricas e acadêmicas de seus autores. Tal esforço não leva à verdade, mas faz ver reflexos que diluem todo subjectum, tanto em sentido objetivo quanto subjetivo, nos quais imagem e objeto se confundem, de forma que nenhuma verdade possa ser encontrada, apenas infinitas conexões e sempre novas perspectivas. Eis a vocação do livro, portanto: praticar uma experiência perspectiva mas, sobretudo, um modo de compreender o texto nietzschiano como sendo, ele mesmo, esse espaço de imagens refletidas. A palavra perspectivismo guarda um sentido etimológico que remete ao ato de atravessar com o olhar, ver através ou mesmo ver por dentro desde um determinado ponto ou situação, desde onde seleciona-se o visto que se dispõe ao olho para ser olhado desde tal posição. Ver, nesse caso, é sempre reconhecer um âmbito ou círculo de visão mais ou menos delimitado como campo de possibilidades. Trata-se de arranjar o que é visto e deixar de fora infinitas outras possibilidades e modos de ver, cuja legitimidade é inerente ao próprio ato de specere – olhar, afinal, é sempre delimitar um campo de visão sem negar o que o circunda, cuja manifestação depende das mudanças de posição no horizonte infinito de outras formas de enxergar (e compreender) o mundo. Se a visão fora, na tradição, o mais nobre dos sentidos, por sua associação à atividade racional que tudo quer ver (e iluminar), então com Nietzsche, tal esforço se distende em perspectivas infinitas, cujo sentido o presente livro resume na metáfora de uma sala de espelhos infinitos, por onde o olho entra em um mundo pleno de imagens, cuja vivacidade e encanto convocam para as múltiplas formas de interpretar. Nos reflexos dialogais e nas intersecções dos textos aqui reunidos, o/a leitor/a se verá convidado às diferentes perspectivas pelas quais o próprio texto de Nietzsche pode ser abordado. Mas sobretudo, ao fazê-lo, oxalá se experimente o modo próprio de fazer filosofia praticado e requisitado por Nietzsche, cujos textos são como imagens de mil faces desdobrando-se e oferecendo-se ao olhar de quem, admirando ao redor, vê o mundo como um espaço de imagens mutuamente refletidas. Sendo um diálogo, o livro traduz aquilo que Nietzsche chamou, em Humano, demasiado humano, 374, de “conversa perfeita”, na qual o interlocutor (que é também o leitor) torna-se “um espelho no qual desejamos ver nossos pensamentos refletidos do modo mais belo possível”.***
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