O Antropoceno e o Pensamento Econômico

VEIGA, JOSE ELI DA
EDITORA 34

65,00

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Como o pensamento econômico pode ajudar na busca de soluções para os problemas socioambientais contemporâneos? Como pode contribuir para a sustentabilidade do desenvolvimento? Duas tendências polarizam os debates sobre os condicionantes ecossistêmicos do crescimento econômico: o anseio de esverdeá-lo e a ambição de descartá-lo. Já este livro argumenta em favor de posicionamentos de meio-tom, do tipo “pós” ou “além” do crescimento. Em vez de abraçar o objetivo de crescimento ou decrescimento a priori, as sociedades deveriam buscar apoio democrático para mudanças institucionais e políticas que tenham um potencial desestabilizador, com a ambição de que a melhoria do bem-estar humano e a busca por sociedades mais justas se desacople da extração de recursos naturais e degradação de ecossistemas. Ao passear por contribuições da Economia Ecológica, Evolucionária, da Complexidade e até da Comportamental, este livro mostra que para superar sua trágica obsolescência e se tornar mais adequado ao Antropoceno, o pensamento econômico deve tornar-se “agnóstico” em relação ao crescimento do produto agregado. Com rigor analítico e escrita clara, o autor revisita os trabalhos de pioneiros como Kenneth Boulding (1910-1993), Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994) e Herman Daly (1938-2022), que lançaram os fundamentos da Economia Ecológica ao reconheceram a interdependência entre os processos econômicos e ecológicos, e desafiarem as premissas que ignoravam os limites ecossistêmicos ao crescimento da produção e consumo. Esses pioneiros destacaram a relevância da entropia para a economia. Ao importar matéria do ambiente e organizá-la de modo que possa ser utilizada, a produção é uma oposição local e temporária à lei da entropia. E este livro demonstra que tais ideias, frequentemente negligenciadas, tornaram-se ainda mais relevantes nesta nova época. Mesmo quem já tiver familiaridade com a Economia Ecológica encontrará bela surpresa ao descobrir que Kenneth Boulding foi o primeiro economista a pressentir o Antropoceno, ainda na década de 1950. Um pensamento econômico adequado à nova época deverá também reduzir a importância que atribui à ingênua noção de equilíbrio, em favor da evolução e da complexidade. Afinal, as crises do clima, da perda de biodiversidade, da insegurança alimentar e hídrica interagem entre si e com as desigualdades socioeconômicas, se agravando mutuamente. O que torna ineficazes as ações isoladas baseadas apenas em perspectiva microeconômica. O pano de fundo dessa teia de crises é o crescimento acelerado da produção e consumo desde meados do século passado, que levou a um consumo excessivo — e extremamente desigual — de recursos naturais e a consequente degradação dos ecossistemas. Portanto, a adequação do pensamento econômico ao Antropoceno dependerá também de uma perspectiva que compreenda os determinantes não apenas tecnológicos, mas sobretudo institucionais e políticos das mudanças sistêmicas. E é partindo da compreensão da complexidade da interação economia-natureza e dos freios ecossistêmicos ao crescimento que este livro amplia muito os horizontes do debate econômico. Andrei Cechin
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