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Duas Novelas De Outono
SILVA, JUREMIR MACHADO DA
SULINA EDITORA
72,00
Sem Encomenda
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“Cante o hino antes de entrar” e “A grande ideia” têm algo em comum: são novelas. O que é, porém, uma novela? Um romance curto? Um conto grande? Um ritmo, uma dicção, uma maneira de narrar. As histórias de Duas novelas de outono têm outro ponto em comum: a estranheza. Mas não uma estranheza de ficção científica. Uma aspereza cotidiana. Na primeira, a extrema direita volta ao poder no Brasil com uma mulher na presidência da República. Na segunda, um advogado decide se aposentar e retirar-se para um ambiente preparado minuciosamente a fim de esperar a grande ideia que irá mudar a sua vida. Que personagens habitam essas histórias incontidas, que parecem se jogar no mar com a violência de uma ruptura de barragem? Em “Cante o hino antes de entrar”, o protagonista e seus colegas tentam sobreviver numa nova etapa de suas vidas, marcada por um novo normal tão avassalador quanto comum. Em “A grande ideia”, um homem sereno faz a sua aposta mais radical, sem tempo para qualquer concessão, instalado numa pequena biblioteca de fundo de pátio. Os demais elementos que ligam esses seres de ficção, tão reais quanto os imaginários que amarram vidas, ficam para descoberta do leitor. O autor informa que nada mais pode adiantar. Não pode ou simplesmente não quer.Não se trata de dar ou não spoiler, conforme essa palavra esquisita que se impôs como um dogma, mas de uma retirada depois da obra pronta. O autor está morto? Não, felizmente o autor vive fisicamente e como sombra que acompanhará o leitor ao longo de cada página. Uma sombra, como sombra que se respeita, silenciosa e vigilante. Todo leitor é um autor em potencial. Ao ler, examina, escreve, reescreve, prescreve. O autor acompanha, concorda, discorda, balança a cabeça, dá o ritmo da leitura.Ler é aceitar uma proposta temporária de bifurcação. Sair dos trilhos. É possível, embora não demonstrado ou demonstrável, que o elo entre essas duas narrativas seja uma palavra, apenas uma: outono.
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