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Armar a Rede Sob Estrelas
EDITORA REFORMATORIO
48,00
Sob encomenda 8 dias
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O que significa nascer? Certamente nascemos para as transfigurações que o poema exige ou promete. Raras e raros poetas são capazes de dar conta dessa demanda, das transfigurações da memória, das transfigurações do tempo que é como um incêndio. A poesia é uma instância de recuperação porque palavras sobrevivem. Desde sua plaquete Onde estão os deuses é possível perceber que Shirlene Holanda trabalha o poema como quem constrói uma casa, com a dignidade de quem faz deste ofício do verso a caminhada por um deserto e não anseia por fama ou qualquer outra armadilha, sem distrações no meio do caminho, apenas o delicado rigor de quem procura merecer ler a própria vida. Escrito ao longo de dez anos ou mais, este armar a rede sob estrelas é fruto de um longo trabalho sobre Si, como deveriam ser os livros de poemas. Sobre Si e não sobre o Eu. Separo aqui o Eu do Si mesmo, porque para mim o Eu é uma ficção condenada ao desaparecimento. E o Si mesmo, uma dimensão da natureza que está em nós. O Si nasce para realizar o mundo, é o corpo, a floresta, o cosmo do qual fazem parte outros Si mesmos e todos são entrelaçados, esta é a dimensão do poema e onde ele acontece. É óbvio que uma escrita de Si não é ou não deveria ser uma escrita sobre Si, por isso este livro trata de luto, relembramentos e de outras topologias amorosas. A voz lírica feminina desde Safo até Gilka Machado tem corporificado o amor e suas dimensões político-existenciais dentro da vida, a poesia tem sido desde sempre o lugar que inaugura a expansão do pensamento afetivo para o corpo. Os poemas de armar a rede sob estrelas acontecem dentro de uma esfera onde a poesia dialoga intensamente com a experiência e realiza esse grande devir que é a transfiguração de nossa vida em expressão universal dela mesma através do poema.
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