Todo Dia é Assim

ARAMYZ
URUTAU EDITORA

52,00

Sob encomenda
8 dias


É como se este livro nos tornasse ainda mais conscientes sobre a existência de uma grande alma cuíer compartilhada, na qual a impossibilidade de ser e a dor repercutem de forma igualitária. Foi o entendimento que tive, de maneira quase intuitiva, assim que tive contato com esta primeira compilação de poesia escrita por Aramyz. Todo dia é assim é uma obra sobre todas as portas que encontramos fechadas, antes e depois de sairmos do armário. Sobre aquela zona sustentada pelo desconforto e preenchida por todos os nãos que se encontram à nossa espreita. Cruzes nas paredes, cruzes aos pés, coração sangrante. Definitivamente, não há término para a empreitada aqui iniciada. De poema em poema, avançamos em um caminhar circular, episódico, constante, espasmódico. Do qual não há escapatória. Assim como o são os recortes da vida e da morte pelo autor retratados, aos quais reconhecemos e nos quais identificamos notícias já lidas, vozes ouvidas, rostos, situações: memórias — individuais, coletivas. Aramyz criou aqui seu compêndio de palavras-lâmina, forjadas com precisão nas chamas de uma centena de fogueiras da atualidade. Palavras-faca. Palavras-flecha. Palavras-murro, palavras-escarro. O chão surge como único e provável horizonte para vidas e corpos indesejados. Corpos dissidentes. Corpos de viados. As tais bixas. As tidas como loucas. As invertidas. As travestis. Até mesmo as inclassificáveis. Nas páginas de Todo dia é assim, Aramyz, que inaugurou uma notável trajetória literária, confirma o quanto sua poesia se mostra como um corpo receptivo/combativo, fundamental para a perpetuação de palavras que são alma e território, encantamento e consumação, apesar do mundo, apesar de tudo. Cristina Judar
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