Nessa obra, Mestres da paixão, o autor faz um relato autobiográfico de sua vida escolar até a profissionalização como escritor. Critica a escola tradicional, sem compromisso com a vida, mas realça o trabalho daqueles mestres que se envolveram de modo apaixonado no exercício do magistério e que o ajudaram a compreender o mundo e a si mesmo. Afinal, comenta, de que vale decorar palavras ocas se soam falsas diante da realidade? Ainda menino, fisgado pela leitura, reconhecia o valor das palavras. Por exemplo, a primeira professora, que soube usar a palavra que elogia, estimulou sua auto-estima. Outro professor o marcou pela palavra do desafio, espicaçando seu orgulho, e ainda aquela que o aconselhou a cultivar o seu dom, ainda indefinido, como provável declamador, ator ou escritor. Havia o bibliotecário que o ajudava a garimpar obras lidas com entusiasmo. O encontro com essas e tantas outras pessoas, em circunstâncias favoráveis ou adversas, reforçou seu compromisso com as palavras, aquelas que o levariam às notícias, e daí ao jornalismo, além da literatura, que abraçou não só como leitor, mas também como criador. Sua experiência de vida -- muitas vezes tumultuada -- o convenceu de que a inteligência é insuficiente se não vier acompanhada de sensibilidade, emoção e desejo. De modo que, por amor às palavras, recusou-se a optar "pelas conveniências, pelas vantagens, por carreira ou salários melhores" e escolheu "o caminho do coração".