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Coisa Feita - Dois Preto Apaixonado na Cama
JORDAN
EDITORA REFORMATORIO
54,00
Estoque: 14
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O poder da poesia logo foi percebido pelos dominadores e, do parnasianismo ao modernismo, o homem preto é cintilado eroticamente num caminho único. A saber, caminho da estupidez e a animalidade. A arte homoerótica e as paidkons foram ferramentas definitivas para endossar o grosso caldo das vitaminas narcisistas, tão vitais para suas engrenagens de guerra e defesa coletiva. Exaltavam-se os cabelos loiros, a sensibilidade, a inteligência, e o que há de etéreo no homem branco. Como resultado temos hoje, no desfile de masculinidades brancas um evento de plausibilidade improdutiva. Pois bem, se a construção do ethos do homem branco se perpetua pela poesia, através da mesma estúpida ferramenta de linguagem ela encontrará as cinzas. Produzindo e propagando a poesia HomoAfroErótica criaremos uma imaginação que desbasta o azulejo colonial de eros e que algemará os braços agasalhados de Antínoo e Adriano, no arco de plena cintra mais decadente da Europa. O futuro conta com canções de ninar onde homens pretos, em estado da primeira infância, adormecem sabendo-se tão imponentes, belos e perspicazes, que correm o risco de serem raptados por deuses. Dentro dos próximos milênios existirá poeta empático o suficiente para implorar que Oxalá devolva a vida do entregador de aplicativo que morreu atropelado na Marginal Pinheiros. A poesia HomoAfroErótica só não é um projeto narcisista porque temos os cacos do espelho de Oxum para ajuntar. Mas poderia ser.
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