Filosofia e Antifilosofia


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Não se dê, daqui em diante, algum significado deteriorado ou depreciativo à palavra “sofista”. Não ignoro a importância da sofística grega e qual reavaliação se fez dela a partir de Hegel, mas a questão aqui não nos diz respeito. Falamos dos sofistas e de sofística, de filodoxos e de filodoxia, para indicar aquela posição que, negando o princípio da verdade, o substitui pela doxa, considerada como o único conhecimento do qual o homem é capaz; ela nega, por isso mesmo, o princípio do saber enquanto tal, e o filosofar se põe como antifilosofia ou pseudofilosofia, que significa a “falsa filosofia” e também a “filosofia do erro”. A história do pensamento do homem é uma luta contínua entre filosofia e filodoxia, a qual, optando pelo particular e o mundano que não é o concreto, perde o logos e com ele o saber; e a filosofia, empenhada, por sua vez, contra a filodoxia, em manter inabalável o logos – para ela questão de ser ou de não ser – sem perder o mundano, antes se esforça para torná-lo verdadeiro ou iluminá-lo pela luz da verdade. No cumprimento dessa tarefa, ela é solicitada e estimulada por exigências indeclináveis que lhe põem a filodoxia ou a sofística. Assim, Sócrates e Platão, filósofos ou amantes do logos, se opõem aos sofistas, amantes das sensações e da opinião e negadores do ser ou da verdade, mas sem que ignorem o valor do mundo da doxa; Santo Agostinho, filósofo, se opõe a epicuristas e acadêmicos, aos dogmáticos do sentido e aos céticos também das sensações, mas no fundo eles professam a mesma coisa. E os exemplos históricos poderiam continuar.
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